em hora de mudanças

pensei muito e muito e muito. porque queria escrever um post antes de 2013 terminar. não me é fácil fazer retrospectivas; sinto-me muitas vezes anacrónica de tantos pensamentos e acho sempre que excluo algo importante quando faço estas listas de fim-de-ano (e não é que tenha muito hábito de fazê-las... ou quase nenhum...).

concentrei-me até isolar algo que me tenha marcado particularmente. aquela frase, aquela conversa que nos toca em tantos sítios que as cócegas chegam a ser desconfortáveis. 

e surgiu. uma conversa com uma querida amiga sobre o crer, máquinas (fotográficas) analógicas e uma espécie de reflexão acerca da profusão de informações e dados a que a era digital nos expõe (e, se calhar, sem a qual já não sabemos viver!). sobre a importância do papel, aquele objecto que enruga, se rasga, se estraga mas que nos acaricia as mãos. 

este caminho levou-me à palavra fé. ao acreditar. àquele acreditar que vem do fundo, que é independente do espaço, da estação do ano, da crença religiosa, da língua em que se escreve um texto sagrado. e a mim, que acredito 24 horas por dia. porque me ensinaram a ser assim e porque, a dada altura nesta vida, percebi que era realmente assim. dar a mão porque se gosta; dar um beijo porque se quer; atravessar a estrada porque é bonita. e ter fé no sol que nasce todos os dias. são estas duas palavras que mais me definem (ou pelo menos é isso que o meu espelho me diz!): fé e acreditar.
acreditar que é possível sentir a luz mesmo rodeados pelo breu. acreditar que é possível contemplar em silêncio. acreditar no caminho, mesmo que o desconhecido pouco nos sorria. acreditar que olhar o sol não nos cega mas nos ilumina.

e a palavra fé levou-me a estas fotos, que não são de 2013. e não têm de ser. e curiosamente no momento em que tirei, pelo menos uma delas, pensei na tal amiga. e pensei que não faz mal... não faz mal demorarmos... muitas vezes demoramos a perceber as coisas e o que elas nos querem realmente dizer. e é bom demorar  (o "anda lá, despacha-te" é tão venenoso para a criatividade!).
e se as mostro hoje (às fotos) é porque hoje as sinto como nunca! 


que o somatório de 2014 signifique, para todos, um brilho nos olhos!

|fotos: Carla Martins|