Palermo I { Sicília }












|fotos: Carla Martins|
Palermo, Sicília, Itália



passando as repetições (já aqui falei sobre as motivações para visitar a Sicília), hoje questiono-me se entrámos na Ilha pelo lado certo. ou melhor, certo não será bem a palavra certa. pelo lado que de facto a mim me interessaria primeiro visitar. ou pelo lado que mais recordações, de mais coisas, me traria (porque vi a Ilha do outro lado, do outro continente, porque vi um filme, etc etc). confesso que quando tracei a rota de viagem, feita à volta da Ilha e de carro, não pensei neste pormenor. era simplesmente um destino que me interessava. sendo Palermo a capital, pareceu-me lógico começar por aí. e, mais uma vez, o dia de chegada foi planeado mas sem a total consciência do que representaria para a cidade. 
ao sair do aeroporto, a rota que nos levava até ao centro de Palermo alertou-nos para uma enorme quantidade de lixo à beira da estrada. "coisa estranha", pensámos. seria comum este tipo de comportamento? entrando pela cidade, saímos que nem setas para o hotel, que nos esperava fresco e acolhedor. uma rápida troca de roupa e lá fomos, aproveitar o resto do dia e de horas de luz. rapidamente nos apercebemos que algo se passaria. pouca gente na rua - a não ser os intrépidos turistas, mais louros, menos louros ou quase autóctones. as grandes avenidas vazias, despidas de carros e da barulheira infernal dos apitos. uma incursão pelas ruas adjacentes, alerta-nos: chegámos justamente no dia da padroeira da cidade, no dia em que a cidade celebrava o dia feriado dedicado a Santa Rosália
talvez por termos chegado neste dia despido de confusão, conseguimos ziguezaguear, de cabeça para cima, pelas grandes avenidas. e essa forma de olhar chamou-nos a atenção para um edifício com ar devoluto mas, ao mesmo tempo, cheio de visitantes. seguindo as varandas engalanadas, lá entrámos. de facto, era devoluto mas acolhia uma exposição. por dentro do edifício, nos seus vários andares, a vida recuperava-se através das instalações. e um mar de gente assistia ao seu novo fôlego . 
não me perguntem porquê mas aquele pequeno passeio, pelas quase ruínas dum edifício histórico e à espera duma nova vida, marcou-me a passagem por Palermo. foi um tempo de espera pela procissão (o culminar do dia da padroeira), um tempo em que, espreitando pelas varandas, conseguíamos ver o sol a pôr-se e as pessoas que se amontoavam na rua para ver passar a Santa. tudo isto em poucas horas, num final de tarde. e estas poucas horas, que se estenderam num tempo psicológico muito superior, dilataram a real presença na cidade e proporcionaram-nos a melhor experiência que se pode ter quando se viaja: olhar o sítio pelos olhos de quem lá vive.

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